segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

BIENAL TAMBÉM DO ESPORTE


Ao se transformar, oficialmente, no grande encontro da juventude brasileira em toda sua diversidade, a Bienal da UNE dá especial atenção, desde a sua sétima edição, em 2011 no Rio de Janeiro, à área dos esportes.
Desta vez, em Olinda, o festival contou com futebol, pista de skate e a novidade do korfebol, esporte de equipe misto e inclusivo, parecido com o basquete e que consiste em fazer passar uma bola, através de um cesto colocado a 3,5 metros do chão.
“A realização da programação esportiva, nesta edição da Bienal, foi uma experiência muito interessante. Todos os participantes estavam muito animados para disputar os jogos. No futebol, tivemos um campeonato acirrado”, contou Murilo Zevoli, coordenador da área de esportes do festival.
Para o estudante paranaense Rafael Ganzer, um dos que aproveitaram a programação esportiva, a inserção dessas práticas é muito importante. “O esporte faz parte do desenvolvimento físico, mas do intelectual também. Jogar futebol e conhecer o korfebol foi animador. E a Bienal é isso, muita cultura e muito esporte também”, falou.

CAMPEONATO BRASILEIRO

Assim como aconteceu no Rio de Janeiro, a oitava Bienal promoveu o campeonato brasileiro de futebol estudantil, integrando todas as regiões do Brasil. O campeonato contou com a participação de oito times que disputaram, gol a gol, o título de campeão do festival estudantil durante três rodadas.
A final aconteceu na tarde do dia 25/01 e foi disputada pelos times Olinda, formado por estudantes secundaristas da região, e União de Jah, formado por universitários do Rio de Janeiro, Bahia e Paraná.
Em um jogo cheio de bolas na trave, quem se deu melhor foi os garotos de Olinda. Aos dois minutos do segundo tempo, o atacante Jonathan Kléber marcou o gol que definiu a partida.
Para ele, porém, marcar o gol não foi o mais importante. “Essa reunião de todos os sotaques foi o que me chamou muita atenção mas,  fazer o gol na final, também foi ótimo”, comentou animado.
E quem pensa que o time perdedor saiu desanimado, se engana. Mesmo com o fim da partida, todos cantavam e se abraçavam. ‘’Foi muito legal jogar com todos aqui, muito divertido. O único problema foi que o juiz roubou’’, brincou o estudante e jogador do União de Jah, Reginaldo Ribeiro.

CINEMA BRASILEIRO EM DEBATE NA BIENAL


Os desafios para uma gestão de audiovisual mais inclusiva compuseram o tema central do debate que aconteceu na tarde da última sexta-feira (25) no Espaço Cuca da 8ª Bienal da Une, na Praça do Carmo, em Olinda. Os produtores Sandra e Alfredo Bertini, o cineasta Cláudio Assis e o presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine) Manoel Rangel, conversaram sobre os problemas e desafios, dissensos e consensos para o avanço do setor no Brasil nas últimas duas décadas.
A conversa foi aberta com a fala do casal de produtores Sandra e Alfredo Bertini, que contaram sobre a experiência na criação do Cine PE, um dos maiores festivais de cinema do Brasil em número de espectadores. De acordo com Sandra, foi difícil tomar a decisão de largar a carreira de economista para se dedicar ao cinema no país. Porém, ela comemora as conquistas ao longo dos 17 anos do festival.
 ”Hoje nós temos um curso público de Cinema. Isso era algo inacreditável há bem pouco tempo atrás. O nosso festival está inserido dentro do calendário cultural do estado e do país. Creio que tudo isso está ligado à nossa capacidade de organização ao longo dos anos, além da disponibilidade dos governos estadual e federal no lançamento de editais de fomento específicos para a área”, disse ela. 
Alfredo completou destacando o poder do nordeste de alavancar a produção brasileira a partir de 1995. Segundo ele, com o marco do Baile Perfumado, a cadeia produtiva passou a se organizar melhor e gerar mais frutos. “Fico feliz em ver a formação de mão de obra técnica através de oficinas por todo o país. As políticas públicas fazem, realmente, todo a diferença nesse contexto”, afirmou.   
Manoel Rangel destacou a decisão do governo federal de investir em incentivos descentralizados, proporcionando um aumento significativo de lançamentos de longas metragens e do número absoluto de salas de cinema. Além disso, ele enfatizou o espaço conseguido para a produção brasileira nas TVs por assinatura. “É importante ressaltar a transformação da agência para garantir o desenvolvimento do setor. Nossa obrigação é dar condições para o aumento da criação dos produtores. Principalmente agora que, com o amadurecimento do circuito de festivais, já temos um público constituído para os filmes da terra”, explicou.
A voz dissonante da tarde, promovendo um bom debate de ideias, foi a do cineasta Cláudio Assis, que criticou o excesso de burocracia para acessar os dispositivos de financiamento para a produção. “Ainda estamos muito longe do ideal. Não se pode perder tempo com papelada, não gosto do que enquadra, do que domina”, declarou.
Maria Helena Monteiro

ESTUDANTES NO MANGUE, UM RELATO DA BIENAL


Pelas ruas estreitas e batidas de terra, começamos a perceber que estamos onde quase ninguém entra. A ponte que passa pelo Rio Capibaribe divide a cidade e como se fosse um portal, obrigando seus moradores a serem, antes de cidadãos, guerreiros.
O calor e o cheio forte de esgoto é companhia constante. A imagem refletida na água do maior e mais luxuoso shopping da cidade também. São mais de 400 famílias que vivem ali por respeito as suas raízes.
Cerca de 50 estudantes de diversos cantos deste imenso Brasil tiveram a oportunidade de visitar na manhã da última sexta-feira  (25), a comunidade Ilha de Deus, localizada próxima à área central de Recife. Foi uma das dezenas de visitas promovidas pelo Lado C, circuito tradicional da Bienal da UNE para integrar os jovens participantes do envento com a realidade local.
Firmes em suas convicções, os ribeirinhos da ilha mantêm sem radicalismo, mas com resistência, a sua identidade cultural. O grupo Caranguejó Uçá surgiu com este propósito, unir e fortalecer a essência humana existente na lama. 
Nestes dez anos de forte atuação,  o grupo escolheu como armas para transformação social o teatro, em ações como o Teatro de Rua da Ilha (Trilha), a Rádio Boca da Ilha, os brechós culturais e o Teça no Mangue (projeto de consciência ambiental). 
O pão de cada dia vem principalmente da coleta do sururu, caranguejo cultivado em alguns dos diversos tanques que cercam a comunidade. À frente das coloridas casas de alvenaria, há o lugar sempre escolhido pelas senhoras, jovens e crianças na hora de limpar os pequenos mariscos.  Casa de pau-a-pique? O multirão fez com que isso torna-se fotos do passado.
O manguezal que fica na parte dos fundos da Ilha é tido como sagrado por seus moradores. O destino do caranguejo que vive na lama não é mais a farta mesa dos ricos. Agora ele é apenas caçado para a própria alimentação da comunidade. 
É este pulsar de vida coletiva existente que faz com que Edson Fly, um dos coordenadores da ação social tenha (da sua maneira) como inspiração a mais famosa das ilhas, a cubana. “Este espaço poderia ter geladeiras e tanques para armazenar os pescados. Porém, filho de pescador  precisa entender que pode ser um engenheiro que pesca. Um médico, um jornalista, ou seja, a nossa viagem não é quebrar conceito de classe, é intelectualizar a comunidade”, afirma.
No maior mangue urbano do país, os estudantes tiveram a oportunidade de vivenciar, por poucas horas, a vida do povo ribeirinho, compreendendo as lutas e dialogando também sobre suas próprias experiências. 

Poesias no portão 

Coelhinhas, borboletas e ratinhas nos esperavam na porta da Biblioteca Popular do Coque, bairro periférico de Recife. As cores vibrantes de suas máscaras refletiam o sentimento que  guardavam atrás delas.
Lá dentro, quem aguardava a chegada dos estudantes da UNE era dona Maria Bethânia do Nascimento, moradora do Coque há 48 anos e fundadorad o espaço há seis. Por meio de um projeto pessoal de vida, ela conseguiu mudar a realidade local por meio do incentivo à leitura. 
Na biblioteca, mais de três mil livros, catalogados por cores, fazem parte do acervo, que conta apenas com obras de literatura, cultura popular e poesia, todos doados pela comunidade. 
Ansiosas com a visita estavam cinco adolescentes que recitaram seus poemas dentro da pequena sala do projeto.  As palmas dos estudantes serviram como  alívio e comemoração pelo encontro, comprovando a fala de dona Maria Bethânia. ” O que essas jovens mais gostam é poesia. Temos o projeto Poesia na Porta, onde as crianças escrevem seus textos e entregam na caixinha dos Correios de todas as casas aqui da comunidade. Desta forma chamamos a atenção para a biblioteca, conseguindo doações e algumas parcerias”.
Ao final do dia, para os estudantes, fica a certeza de que a união da sigla “U”, do nome da UNE, é o que deve guiar os sonhos dos estudantes e do Brasil.  Com os exemplos da Ilha de Deus e da Biblioteca do  Coque, fica evidente que a união, quando firme em um propósito, transforma o mundo.
“É excelente a UNE oferecer este tipo de programação na Bienal, porque você fica conhecendo a cidade como um todo. A população não vive só de carnaval, não é só essa maravilha que a gente vê. É necessário mostrar a cara do Brasil, as comunidades, as favelas”, aponta a estudante do curso de história da Universidade Fluminense, Marizete de Souza. 
Thatiane Ferrari

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

MINC E ESTUDANTES DEBATEM CULTURA NA UNIVERSIDADE


Um auditório lotado de estudantes reuniu-se para debater cultura e educação no último domingo (20) durante o 14º CONEB da UNE, na Universidade Federal de Pernambuco.
Para falar sobre o tema foram convidados Juana Nunes, diretora de Educação e Comunicação para Cultura do Ministério da Cultura – MinC, Antônio Balbino Canelas Rubim, secretário de Cultura do Estado da Bahia, Alexandre Santini, ex-coordenador geral do CUCA, Gabriel Alves, presidente do CPC da UMES, Leonardo Bulhões, diretor da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, e Maria das Neves, diretora de Cultura da UNE.
O secretário de Cultura da Bahia destacou que é necessário um equilíbrio entre a formação geral e a formação profissional dentro do ambiente universitário, destacando, para isso, o papel da cultura. “A universidade não deve se colar tão diretamente ao mercado. Deve ter distanciamento crítico e deve manter uma linha de utopia. O que se aprende na universidade é uma espécie de ideal para sua profissão e isso não é ruim”, disse.
Para ele a ditadura desenvolveu uma cultura cientificista na universidade, no qual os cursos de arte, cultura e humanidades foram discriminados.  “Hoje ainda se prioriza ciência em detrimento da cultura. Estamos na iminência de implantar um sistema nacional de cultura, e precisamos de uma série de agentes e profissionais que possam trabalhar com isso. É preciso que se forme, cada vez mais, profissionais que possam trabalhar com cultura, que entendam de políticas culturais”, ressaltou.
A representante do MinC disse que o governo vai relançar o programa Cultura e Universidade, uma iniciativa de expansão das ações culturais no meio acadêmico, uma espécie de “Reuni da cultura”. 
“Queremos lançar um edital público a partir dos eixos: fortalecimento dos cursos de produção e cultura; incremento da pesquisa e da pós-graduação em cultura; institucionalização da extensão universitária em cultura, melhoria das infraestruturas nas universidades, apoios a eventos e redes; incentivo a produção acadêmica na área da cultura”, afirmou.
A coordenadora de cultura da UNE, Maria das Neves, ressaltou que é preciso que a universidade encare a cultura como indissociável da educação. “Cultura não é só entretenimento”, defendeu

ASSEMBLEIA NACIONAL DO CUCA DA UNE

O 13º Seminário do CUCA da UNE (Circuito Universitário de Cultura e Arte) foi realizado entre os dias 19 e 20 e encerrou-se logo após o debate. Os cuqueiros prestaram homenagem a Gardiê Silveira, coordenador do CUCA do Piauí, morto em 2012. 
No encontro também foi aprovada a 2ª fase do Plano Nacional de Cultura e Educação do CUCA como prioridade a ser seguida em 2013. Foi também formalizada a adesão novos membros para o Circuito.  Decidiu-se também que a escolha da nova diretoria do CUCA será realizada no próximo  Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE (CONEG).

LENINE DÁ BOAS VINDAS À BIENAL


A espera chegou ao fim. O maior festival estudantil da América Latina aporta amanhã (22/01) na cidade de Olinda, trazendo na bagagem atrações imperdíveis. Aulas-espetáculo, grandes shows, debates, mostras estudantis e convidadas, ciência, tecnologia, esporte e “culturata” fazem parte da programação que vai agitar o litoral pernambucano nos próximos quatro dias.
Para abrir a série de shows com chave de ouro, o cantor Lenine se apresenta a partir das 21h na Praia de Casa Caiada, em Olinda. Nascido no Recife, capital pernambucana, Lenine tem quase 30 anos de carreira, dez discos lançados e canções gravadas por nomes como Elba Ramalho, Ney Matogrosso, O Rappa, Maria Rita, entre outros.
Essa será a terceira participação do cantor em Bienais da UNE. Lenine já participou da primeira e da quinta edição, em 1999 e 2007 respectivamente.
A maratona de shows do evento não para aí. As presenças de Elba Ramalho, Alceu Valença, Silvério Pessoa e Fred 04 também estão confirmadas para os próximos dias.